domingo, 3 de fevereiro de 2008

"UM VULTO FEMINIL NO BANHO PÚBLICO"

Chove. Chuva forte. Inesperada.
Bom chover!...
Após longos dias de calor asfixiante.

O céu respira profundamente o ar molhado.
A mata ressecada abre os braços...
E deixa a chuva acariciar os seios!...

Moleques brincam na enxurrada
Das ruas asfaltadas!...

Os anônimos fogem velozes.
(Ao descer dos ônibus e automóveis).
Ocultando-se na cinzenta tempestade.
Sob toldos e guarda-chuvas...
Rajadas de vento turvando árvores.
Corpos, residências.

Louca vontade de ganhar a rua...
(Mas... o úmido ar gelado!...
Mas minha traiçoeira rinite!...
Será que já virou bronquite ou crônica tuberculose?...)
Meu ávido olhar vagabundo pousa
Sobre um vulto que não corre...
Anônimo corpo feminil.
Gozando prazerosamente o banho
Público!...

Em espírito passeio ao seu lado.
A chuva banha a cidade.
E um sol ancestral banha-me
A alma.

Macário Ohana Vangélis

Nenhum comentário: